O Registro Brasileiro de Marcapassos (RBM) é uma base de dados nacional do Departamento de Estimulação Cardíaca Artificial (Deca) da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV) que, no primeiro ano de atividade procurou publicar dados gerais relacionados às indicações clínicas de marcapassos no Brasil. O aspecto abordado para a presente análise foi o da escolha dos tipos de estimulação, dos modelos de eletrodos, e os parâmetros intraoperatórios. Para dar uma idéia da participação dos diversos estados brasileiros no RBM, foi levantado o número de procedimentos por estado e por regiões. Foi utilizado PC DX2-66 com programas dedicados de gerenciamento de banco de dados médicos e geradores de relatório para os levantamentos estatísticos. A casuística envolveu todos os formulários recebidos para cadastramento no RBM até 30/09/95, e que a data de realização do procedimento estivesse situada entre 01/05/95 e 31/08/95, correspondendo ao segundo quadrimestre de 1995, perfazendo um total de 2709 pacientes. Destes 2000 foram primeiros procedimentos, 674 reoperações e 35 planilhas que não informaram este campo. A análise da idade para o 1º implante mostra que 80,1 % dos pacientes operados têm idade acima dos 50 anos, com média de 63,5 anos. Os principais tipos de geradores de pulso utilizados foram SSI,C em 66,9% dos casos, DDD,C em 13,0%, SSI,R em 11,0% e VDD,C com eletrodo único em 5%. Quanto aos eletrodos, 80,6% dos atriais foram por fixação ativa do tipo parafuso e 74,5% dos eletrodos ventriculares foram de fixação passiva por aletas. O limiar atrial agudo médio unipolar foi de 0,8 ± 0,4 V e bipolar de 0,7 ± 0,5 V. O limiar ventricular uni polar foi de 0,6 ± 0,6 V e bipolar de 0,6 ± 0,8 V. Vinte e um estados brasileiros têm enviado relatórios, sendo que a região norte relatou 33 procedimentos (1,22%), a nordeste 336 casos (12,44%), a região centrooeste teve 316 relatos (11,7%), a região sudeste enviou relatos de 1586 procedimentos (58,7%) e a região sul contribuiu com 429 pacientes, o que correspondeu a 16,0% do total. Após o primeiro ano de atividades, o RBM vem mantendo os números de cadastramento. A seriedade com que tem sido tratado pelos associados do Deca está claramente refletida nos resultados divulgados até agora, que se têm mantido estáveis em cada período analisado e com valores médios perfeitamente compatíveis com os melhores centros do mundo. A leitura deste estudo permite conhecer, entretanto, o quanto ainda há por fazer pela estimulação cardíaca no Brasil, principalmente nas regiões menos favorecidas, quando se analisam os dados populacionais de implantes por estados.
Palavras-chave: estimulação cardíaca artificial, coleta de dados, sistemas de gerenciamento de base de dados, Brasil arritmia